terça-feira, junho 29, 2010

Houve um tempo

Sim, houve um tempo em que as canções coloridas e cheias de vida me mostravam a direção a seguir... Houve um tempo em que eu sorria e sentia a chuva cair sobre mim no meio da multidão, diante dos céus e dos deuses, e ali mesmo eu era feliz apenas por existir.
Houve um tempo em que a purpurina alegre da minha infância me levou a triunfos sobre campos verdes e quadras rápidas. Houve um tempo em que te amei mais que a mim mesma e desejei ser a fonte da sua alegria eterna. Sim, houve um tempo em que eu escrevia canções, cantava emoções e tão suave quanto uma tempestades eu rezava para você nas noites de chuva.
Houve um tempo em que eu acompanhei você invadir a minha vida e me encher de um mundo novo e cheio de cores mágicas. Houve um tempo em que a dor era doce como o por do sol nas tardes de primavera e eu rezava a noite inteira esperando o sol trazer o perdão tão necessário para prosseguir.
Sim, houve um tempo em que eu acreditei no futuro, no que eu mesma construí um dia, em você e em tudo aquilo que nunca vai poder acontecer junto com todas as promessas perdidas no tempo que o tempo não traz jamais.

domingo, junho 27, 2010

Estou

Estou sensível estes dias... Sensível como uma criança, aliás, como a criança que reside em mim.
Estou reflexiva, saudosa, introspectiva e melancolia... Não posso sufocar o meu lado mais real! Não posso deixar de escutar o que meu coração insiste em querer dizer.

Aguardo notícias, segredos, passados revelados e noites cintilantes... Talvez eu espere demais, ou, talvez, a magia ainda nem tenha começado de verdade.

Não me canso de repetir como fico encantada quando me reporto àquela escada ou àquela madrugada chuvosa. Não me canso de rememorar cada esquina do meu passado, cada trilha, rota, rumo, atalho... Não me canso de esperar um sinal e também de desvendar um mistério.

Quando eu era mais nova, costumava crer que todo sentimento era sustentado pela sua exata dimensão em outrem, nem que fosse à direção contrária, mas tinha de haver um eco, um reflexo, para toda e qualquer emoção despertada por outrem em nós.

Hoje costumo reencontrar-me através de pedacinhos de gente espalhadas por aí...
Gente que nunca vi, mas que mostra a mim mesma através da sua existência. E isso me fez desmistificar a minha crença juvenil, de que tem que haver uma razão linear para o sentimento. Na verdade, o que há, são ecos nossos espalhados pelo mundo. Nada determinístico assim, mas profundamente belo.

Descobri que você mexe comigo justamente por fazer parte do meu passado, justamente por ser ausente. Descobri que a presença me anestesia, que a realidade me espanta e que liberdade é poder fechar os olhos e sonhar em paz.

Será?

Será que se a gente desejar alguma coisa, qualquer coisa, por mais tola que possa parecer, com toda força do nosso coração, com toda vontade, com toda paixão... Esta coisa acontecerá um dia?
será que a alma do universo vai me escutar outra vez? E, desta vez, eu estarei certa de que não será tarde demais, porque este é um desejo para a vida inteira, daqueles que sempre sonhamos desde criança, desde o dia em que nos encontramos diante deste mundo e descobrimos quem somos nós.
Eu quero tanto estar lá neste dia, quando este dia chegar... Eu quero tanto te dar o apoio que você precisa... Eu quero segurar suas lagrimas nos dias ruins, te contar de todas as vezes que você duvidou de si, e te mostrar o quão tolo foi pensar assim, porque um dia, lá na frente o futuro vai escrever com a caneta de ouro seu nome no universo das estrelas, e todas as duvidas, todas as hesitações, todas as vezes que nunca sabíamos o que ia acontecer, serão apenas fantasmas de um passado distante.
Será que se eu rezar esta noite com ardor e sinceridade alguém vai escutar o meu desejo e me ajudar a assistir este sonho chegar?
Eu quero chorar, na verdade, eu estou a chorar, meu coração está sangrando tanto e eu não posso deixar de sentir isso... É um pedaço de mim que quase consegui esquecer “lá atrás”, mas que graças a você eu reencontrei em mim, e graças a você hoje me faz tão feliz.
Então, santos dos céus, se eu prometer aquela prece, se eu orar uma quermesse, se eu desejar imensamente poderei um dia voltar aqui e sorrir diante desta tela pálida? Poderei um dia chorar as lágrima da glória dos grandes heróis da minha historia?

Tormentas dos sonhos

Angustiante te ver nos sonhos, angustiante respirar cada momento que estás de volta ao meu lado como um estranho distante. As vezes eu olho para você e enxergo um pouco de mim mesma através da sua indiferença pouco lúdica nas noites que vago entre uma atmosfera e outra de percepções, sons e emoções. Você marcou a melhor e a pior página da minha vida, você escreveu a pior e a melhor história sobre mim mesma, mesmo sem querer, mesmo sem saber, enquanto olhavas para mim com os olhos rasos de emoção. Eu morri várias noites caindo sempre no mesmo equívoco de tentar encontrar as respostas que sempre procurei. Nunca mais achei nada, nunca mais senti nada no estado de vigília que justificasse minha presença aqui... Deixei-me ir de ‘volta para casa’ através dos sonos confusos que tenho quando estou longe daqui... Mas isso não é suficiente, porque não posso ter este momento em mim, ele é tão volátil, tudo é tão fugaz, que não consigo me concentrar e encontrar nenhuma resposta. Tenho andado distraída e envolvida com outras coisas que vão muito além de mim mesma, isso talvez me mate ou me cure de uma vez por todas. Não tenho mais as respostas de antes, apenas as duvidas de sempre, espero que no próximo encontro eu possa ter a minha revanche, eu possa gritar à minha pouca paz!

Presente

O que significa intimidade? Qual é a real dimensão em ser íntimo de alguém? O que isso implica diretamente nas nossas vidas? É pateticamente estranha a forma como nos relacionamos durante a vida. É como se saíssemos de cena e tudo aquilo que era tão real e concreto se transformasse em pó, em um grande e distante lago vazio entre as pessoas que um dia já foram tão una. Nós passamos alguns anos, meses e dias das nossas vidas construindo emoções junto com alguém, nós chegamos muitas vezes a construir outros seres junto com alguém e, de repente, apenas porque determinou-se, nós viramos um estranho diante das pessoas que nos foram tão intimas, que moldaram junto conosco nossa própria existência... Nós perdemos a espontaneidade, a dimensão do carinho, do amor, do cuidado e a intimidade que nos fez sentir aconchegados quando determinamos um fim diante de alguém. É estranho, soa falso, porque de repente é como se tudo aquilo nunca tivesse existido, porque o presente é muito forte e real, e a força do agora é capaz de aniquilar qualquer verdade de outrora. O que será que levarei desta vida? Memórias individuais findadas em tempos ególatras? O que será que podemos dizer que é nosso de fato? Nem a nós mesmos possuímos, quiçá... Perdi a vontade de construir castelos de areia, perdi a vontade de construir um lugar seguro face ao futuro que indiferente aos meus sentimentos desmonta cada peça que eu montei com tanto amor e dedicação como se fosse poeira de estrela. Você se lembra? Costumávamos ser grandes, costumávamos acreditar que só com o nosso desejo e vontade manteríamos viva a emoção. Costumávamos estar apaixonados nas noites de verão e chorávamos toda vez que a chuva trazia fantasmas consigo. Nós éramos mágicos, eu fui uma heroína e nada disso ficou escrito em canto algum, tudo virou pó e cinza diante das regras da vida... Que, a propósito, quem ditou?