quarta-feira, novembro 14, 2012

Apos 365 dias

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2012 Escrevo esta carta porque nunca mais quero você na minha frente. E dessa vez falo sério. Nunca mais quero ouvir a sua voz, mesmo que seja se derramando em desculpas. Nunca mais quero ver a sua cara, nem que seja se debulhando em lágrimas arrependidas. Quero que você suma do meu contato, igual a um vírus ao qual já estou imune. A verdade é que me enchi. De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia, o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame. Fico pensando como chegamos a esse ponto. Como nos permitimos deixar nosso amor acabar nesse estado, vendido e desconfiado. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Não quero mais nada que exista no mundo por sua interferência. Não quero mais rastros de você no meu banheiro. Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? O tédio a dois - essa é a minha parte no negócio? Sinceramente, abro mão. Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando. Mas antes faço questão de te dizer três coisas. Primeira: você não é tão interessante quanto pensa. Não mesmo. Tive bem mais decepções do que surpresas durante o tempo em que estivemos juntos. Segunda: não vou sentir falta do teu corpo. Já tive melhores, posso ter novamente, provavelmente terei. Possivelmente ainda esta semana. Terceira: fiquei com um certo nojo de você. Não sei por quê, mas sua lembrança, hoje, me dá asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou voltar a pensar em você por uns dias.Bom, era isso. Espero que esta carta consiga levantar você do estado deplorável em que se encontra. Mentira. Não espero nenhum efeito desta carta, em você, porque, aí, veria-me torcendo pela sua morte. Por remorso. E como já disse, e repito, para deixar o mais claro possível, nunca mais quero saber de você. Se, agora, isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se cura um câncer sem matar células inocentes. Adeus, P.S.: esta não é mais uma dessas cartas-desabafo. P.S. do P.S.: esta é uma carta-desabafo-quase-música-de-Adriana-Calcanhoto.

quinta-feira, outubro 25, 2012

No mistério do mar

Eu fiz um pacto com a vida. A de que no dia que toda aquela amargura que me motivou a escrever da última vez passasse, eu voltaria aqui, para escrever de coisas, quem sabe até, alegres da vida. Porque pode parecer loucura, mas a vida também é feita destes momentos mágicos, em que abrimos a gretinha da janela e sorvemos a brisa fresca da manhã, ou mesmo em que temos a oportunidade de ver o dia nos brindar com o sol raiando sobre o mar... Ah, o mar... Em uma daquelas noites quentes e excitantes de verão eu mergulhei de cabeça no doce e misterioso mar... No meio da madrugada... E posso dizer: é um milagre! A sensação é indescritível! Como o próprio nome já diz, não tem o que dizer... Só se pode sentir. Mas, hoje, sim, hoje, eu tinha todos os motivos do mundo para estar radiante! Sim, radiante, mas, hoje, logo e justamente hoje, me vejo profundamente confusa e infeliz, buscando dentro de mim aquela sensação mágica de dias perdidos no passado, em que meu amor ia me buscar com uma rosa branca e outra amarela nas mãos, na porta da faculdade, me dizendo que as rosas invejavam o meu ser. Sim, nós todos sabemos que nós, pobres mortais, é que invejamos a beleza e magia das rosas, mas escutar isso do seu amor, é como escutar que o amor é eterno e indestrutível e que tudo vai ficar bem. Na hora, é como a sensação mágica de mergulhar no oceano, só traz paz e segurança. Porque as verdades já estão suficientemente ostentadas em nossas faces, e elas quase sempre são duras, então, a beleza da vida esta justamente no reverso da medalha, naquele outro lado da vida em que a razão não entra, só a emoção, a sensação e o amor. Eu te amo por tudo que você despertou em mim e te odeio por tudo que deixou morrer em nós.

quarta-feira, setembro 05, 2012

O vazio

As vezes, mesmo nos dias comuns e tranquilos, diante de noites silenciosas, sinto um vazio inexplicável consumindo meu coração. Olhei através da escuridão que a janela mostrava-me e pude constatar a paz das estradas. Mesmo assim, ainda que mergulhada em um momento de completa tranquilidade, respirei fundo e senti algo engasgado em meu peito. Talvez todo este silencio me faça pensar na razão de estar aqui... No sentido de existir... Na maneira como tenho que agir diante do mundo, da vida, de mim mesma.
Não faço idéia se há alguma resposta plausível para tais questões, mas elas rondam a minha existência desde a tenra idade, desde as longas e mágicas tardes em que eu vivia observando os aviões sumirem no céu em direção ao sonho e ao inexplicável.
Sinto-me angustiada diante da necessidade de encontrar respostas e causas, sinto-me exasperada diante do desejo reprimido pelo que dizem que é certo. Preciso aprender a controlar minha angustia, minha espera, minha necessidade de conhecer o caos. Preciso aprender a deixar as coisas seguirem livremente, em direção ao futuro inexorável que nos aguarda, preciso aprender a confiar no inexplicável, nas noites vazias e cheias de respostas perdidas. Preciso aprender a viver, apenas isso, sem que haja grandes expectativas, maiores explicações ou razões.

No regrets!

Até aonde eu sou capaz de ir só para descobrir que estava tudo errado? Até que ponto eu sou capaz de reconstruir a destrutível e frágil capacidade de crer nas coisas simples da vida sem o medo latente de tudo aquilo que me dilacerou um dia? Todas as vezes que eu senti você despedaçar no caminho eu tentei aliviar sua dor com a minha certeza inabalável na cura do amor. Eu bebi daquela fonte, eu me banhei naquelas águas, eu fui feliz naqueles braços, eu me perdi e me reencontrei durante noites infinitas nos teus abraços... Eu senti a tua morte, em vida, me dando o último beijo doce que amargurou meu coração por estações solitárias. Eu já senti a fúria dos vulcões em meus pés e o coração palpitante de um garoto encantador nas noites em que me despi de todas as certezas e me entreguei a todos os sentidos sem sentido da emoção. Eu não me arrependo de cada gota de amor que derramei em teu colo, eu nunca deixei de entregar cada naco de minha alma enquanto caminhava ao teu lado, e eu fui feliz, mulher e inteira em cada instante desta jornada miraculosa que se findou no céu prateado das nossas ilusões...