quarta-feira, agosto 18, 2010

Eu quero!

Cansei dos eternos mal entendidos das relações. Cansei desta infinita frustração de ir ao encontro de palavras vazias que não significam nada quando são colocadas diante da realidade dos defeitos.

Cansei de ser mal interpretada, de interpretar mal, de tentar acreditar que vamos conseguir mudar o mundo!

Cansei de buscar amores que só existem nas minhas poesias delirantes que escorrem de pedaços de contos que eu vi um dia, mas não foi pra mim, nunca foi!
Sonhei com você de novo. O que você quer de mim, me diz? Invadindo minha noite e minhas decisões? O que você quer que eu faça com a sua carinha de anjo e seu olhar profundamente encantador e triste? Por que você não me prende pra sempre neste sonho e me transporta para “lá”? Para depois do mar, “naquele lugar”, lembra? Aquele que criamos demanhanzinha, depois daquela ventania de uma noite de fevereiro (...).
Por que você não me rouba de vez disso tudo aqui? Eu ando cansada, carente e, anoite me sinto sozinha... A solidão da alma, a solidão dos dias que me enchem de coisas para fazer. Coisas que não alimentam meu espírito rueiro e sedento. Coisas que eu procuro falar... Procuro explicar, mas... Não sei dizer.

Não sei como vou te dizer que naquela noite, "em cima do palco" eu te vi: lindo, cheio de luzes caindo ao teu redor. Lindo como um pedacinho de mar num deserto. Lindo como o meu eterno garoto faceiro. Lindo meu amor! Meu cantinho de paz, de realidade, de esperança. Mas, você me “deixou”... Logo agora, que eu mais precisava de seus braços fortes, você foi embora. Foi para nossa casinha e esqueceu que não há lar sem cumplicidade. Nunca mais haverá. Tenho tantas palavras para falar mas, como já diz na musica “palavras ao vento, são só palavras...”

Preciso de mãos, sons, toques... Preciso me jogar, literalmente, em cima de você. Preciso sair daqui agora e gritar bem alto o quanto eu preciso disso!Eu quero dançar nas noites quentes e me esconder debaixo da cama nos dias solitários e frios. Preciso desta prece e da certeza de que eu fiz a minha parte.
Responda-me meu garoto, por favor, me diga de uma vez: eu fiz a minha parte? Eu te levei aos campos que te prometi? Eu supri a sua sede nos momentos de aflição? Eu te amei como prometi? Diga-me meu garoto, porque naquele dia, há muito tempo atrás... Eu te vi, eu estive lá.

Não suporto não saber QUEM é você! Não suporto ter medo de apenas conectar e falar: olá meu rapaz, como vai, estou com saudades... É tão simples para mim... Poderia ser tão mais simples pra nós.

Agora estou aqui e meu passado é a única coisa que realmente me escuta e me resta. Olho as paredes do meu quarto e procuro você, de novo. Procuro minhas estrelas no céu do meu teto, procuro a minha cantiga que preenchia o vazio do espaço. Procuro... Procuro... Procuro... E, apenas vejo paredes distantes, frias, indiferentes, nada aqui é igual ao meu lar. Um dia ainda vou te contar dele! Era lindo... Eu corria no jardim e via peixinhos que nasciam das chuvas de verão nos jardins. Eu cavalgava em cavalos alados e voava em tapetes de cetim e bordados. Eu fui princesa, fui plebéia, fui um anjo e um demônio na vida de alguns mortais... Fui feliz. Fui eu mesma!
Esta transição me deixa tonta, porque nada aqui é familiar, nada aqui é meu de verdade.

Quero o meu “sóton” de volta! Quero as minhas noites na janela, quero as minhas estrelas no céu apontando para a minha felicidade. Quero sentir de novo aquele turbilhão que me arrastou para uma fantasia tão real quanto imaginária... Quero sair daqui, agora, e me entregar à noite sem culpa e sem pensar em mais nada. Só quero sentir. Quem sabe assim eu não te encontre outra vez... Perdido... Por ai...




Apos 365 dias

Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2012 Escrevo esta carta porque nunca mais quero você na minha frente. E dessa vez falo sério. Nunca mais quero ouvir a sua voz, mesmo que seja se derramando em desculpas. Nunca mais quero ver a sua cara, nem que seja se debulhando em lágrimas arrependidas. Quero que você suma do meu contato, igual a um vírus ao qual já estou imune. A verdade é que me enchi. De você, de nós, da nossa situação sem pé nem cabeça. Não tem sentido continuarmos dessa maneira. Eu, nessa constante agonia, o tempo todo imaginando como você vai estar. E você, numas horas doce, noutras me tratando como lixo. Não sou lixo. Tampouco quero a doçura dos culpados, artificial como aspartame. Fico pensando como chegamos a esse ponto. Como nos permitimos deixar nosso amor acabar nesse estado, vendido e desconfiado. Não quero mais descobrir coisas sobre você, por piores ou melhores que possam ser. Não quero mais nada que exista no mundo por sua interferência. Não quero mais rastros de você no meu banheiro. Assim, chega. Chega de brigas, de berros, de chutes nos móveis. Chega de climas, de choros, de silêncios abismais. Para quê, me diz? O que, afinal, eu ganho com isso? A companhia de uma pessoa amarga, que já nem quer mais estar ali, ao meu lado, mas em outro lugar? O tédio a dois - essa é a minha parte no negócio? Sinceramente, abro mão. Vou atrás de um outro jeito de viver a minha vida, já que em qualquer situação diferente estarei lucrando. Mas antes faço questão de te dizer três coisas. Primeira: você não é tão interessante quanto pensa. Não mesmo. Tive bem mais decepções do que surpresas durante o tempo em que estivemos juntos. Segunda: não vou sentir falta do teu corpo. Já tive melhores, posso ter novamente, provavelmente terei. Possivelmente ainda esta semana. Terceira: fiquei com um certo nojo de você. Não sei por quê, mas sua lembrança, hoje, me dá asco. Quando eu quiser dar uma emagrecida, vou voltar a pensar em você por uns dias.Bom, era isso. Espero que esta carta consiga levantar você do estado deplorável em que se encontra. Mentira. Não espero nenhum efeito desta carta, em você, porque, aí, veria-me torcendo pela sua morte. Por remorso. E como já disse, e repito, para deixar o mais claro possível, nunca mais quero saber de você. Se, agora, isso ainda me causa alguma tristeza, tudo bem. Não se cura um câncer sem matar células inocentes. Adeus, P.S.: esta não é mais uma dessas cartas-desabafo. P.S. do P.S.: esta é uma carta-desabafo-quase-música-de-Adriana-Calcanhoto.

sábado, agosto 07, 2010

De Volta

De repente me deu uma vontade de voltar ao passado...

Levantei calmamente, liguei meu simpático abajour rosa, peguei algumas folhas de despretensiosamente pálidas e me pus a preencher as mesmas com um pouco do que estava sentindo!



Eram noites tão completas... O vento adentrando pela janela, rondando o meu espaço e preenchendo-me de euforia. Parecia que me sorria! Olhava lá de cima e tudo parecia tão pequeno daquele lugar e, ao mesmo tempo, tão sob controle! Você me protegia (I could feel you protect me in the cold nights...), eu te amava e nada sob a imensidão deste universo poderia ser capaz de quebrar aquele encanto! Nem mesmo a imensidão do universo.
Quantos sons, sorriso, momentos familiares serão precisos para me levar de volta para casa? Era tão bom chegar lá e constatar que meu mundinho me aguardava, tão aconchegante, tão colorido pelas minhas idéias mirabolantes, tão meu...Assim como todas as minhas estrelas no teto do meu céu.
Sim, eu consegui! Eu jurei para mim mesma que o faria e cumpri minha promessa. Só não sei dizer quando foi que tudo se acabou... Quando foi que tudo desapareceu no ar e virou apenas uma lembrança fugaz... Quando foi que o vento parou de rondar meu pequeno quarto... Quando foi que minhas estrelas se apagaram...
Eu ainda tenho a imensidão do oceano bem como a minha gruta encantada para fugir nos dias ruins. Hoje quando olho para trás, mal me reconheço naquele retrato, mal consigo perceber aquela euforia que me invadia nas noites quentes e úmidas de verão. Mal consigo enxergar o esboço de mim mesma refletidos na certeza de que um dia eu estaria aqui, olhando para tudo isso e vendo que, finalmente, ainda que tendo que perder tudo que me era tão caro, eu consegui!