quarta-feira, setembro 05, 2012

O vazio

As vezes, mesmo nos dias comuns e tranquilos, diante de noites silenciosas, sinto um vazio inexplicável consumindo meu coração. Olhei através da escuridão que a janela mostrava-me e pude constatar a paz das estradas. Mesmo assim, ainda que mergulhada em um momento de completa tranquilidade, respirei fundo e senti algo engasgado em meu peito. Talvez todo este silencio me faça pensar na razão de estar aqui... No sentido de existir... Na maneira como tenho que agir diante do mundo, da vida, de mim mesma.
Não faço idéia se há alguma resposta plausível para tais questões, mas elas rondam a minha existência desde a tenra idade, desde as longas e mágicas tardes em que eu vivia observando os aviões sumirem no céu em direção ao sonho e ao inexplicável.
Sinto-me angustiada diante da necessidade de encontrar respostas e causas, sinto-me exasperada diante do desejo reprimido pelo que dizem que é certo. Preciso aprender a controlar minha angustia, minha espera, minha necessidade de conhecer o caos. Preciso aprender a deixar as coisas seguirem livremente, em direção ao futuro inexorável que nos aguarda, preciso aprender a confiar no inexplicável, nas noites vazias e cheias de respostas perdidas. Preciso aprender a viver, apenas isso, sem que haja grandes expectativas, maiores explicações ou razões.

No regrets!

Até aonde eu sou capaz de ir só para descobrir que estava tudo errado? Até que ponto eu sou capaz de reconstruir a destrutível e frágil capacidade de crer nas coisas simples da vida sem o medo latente de tudo aquilo que me dilacerou um dia? Todas as vezes que eu senti você despedaçar no caminho eu tentei aliviar sua dor com a minha certeza inabalável na cura do amor. Eu bebi daquela fonte, eu me banhei naquelas águas, eu fui feliz naqueles braços, eu me perdi e me reencontrei durante noites infinitas nos teus abraços... Eu senti a tua morte, em vida, me dando o último beijo doce que amargurou meu coração por estações solitárias. Eu já senti a fúria dos vulcões em meus pés e o coração palpitante de um garoto encantador nas noites em que me despi de todas as certezas e me entreguei a todos os sentidos sem sentido da emoção. Eu não me arrependo de cada gota de amor que derramei em teu colo, eu nunca deixei de entregar cada naco de minha alma enquanto caminhava ao teu lado, e eu fui feliz, mulher e inteira em cada instante desta jornada miraculosa que se findou no céu prateado das nossas ilusões...